Qual a
melhor maneira de adorar a Deus?
“E não clamaram a mim com seu coração, mas davam uivos nas suas camas” (Os 7.14).
A expressão “coração” neste versículo representa um
dos principais órgãos humano. Figurativamente, é usado para referir-se às fontes
ocultas da vida pessoal. ”A Bíblia descreve que a depravação humana está
no‘coração’, porque o pecado é um princípio que tem seu lugar no centro da vida
interior humana, e então ‘contamina’ todo o circuito de sua ação (Mt 15.19,20).
Por outro lado, a Escritura considera o coração como a esfera da influência
divina (Rm 2.15; At 15.9). O coração, visto que se acha profundamente no
interior, contém ‘o homem escondido’ (1 Pe 3.4), o homem real. Ele representa o
verdadeiro caráter, mas também o esconde (J. LaidLaw). No geral, o coração, em
seu significado moral no AT, inclui as emoções, a razão e a vontade. É nele que
o cristão adora a Deus, pois a adoração não se mede pelo movimento labial ou
mesmo corporal (levantar das mãos, palmas, etc.), mas vem do íntimo do coração (Is 29.13). Não só a adoração, mas também a obra de
Deus, o arrependimento e a oração têm de ser feito de coração; do contrário,
será mesmo em vão e sem proveito algum (Jo 4.34; Rm 10.9,10; Hb 13.15). Imagine uma pessoa tetraplégica (sem
os movimentos dos braços e das pernas) e muda, como ela conseguirá adorar a
Deus? Simples, com o coração. Entretanto, uma pessoa com todos os membros do corpo
deverá adorar a Deus conjuntamente para agradá-lo. O coração para se expressar,
enquanto se está invocando a Deus, os membros do homem o manifestam exaltando o
Senhor.
Já o termo “uivar” segundo o dicionário bíblico
significa, lamentar violentamente. No contexto do versículo, vê-se que o
arrependimento de Israel foi apenas simbólico e não o que ocorre em outras
passagens, de alguém que experimentou uma desgraça em sua vida (Jl
1,5,8,11,13). Os
israelitas, em muitas ocasiões, iam aos bosques construir ídolos de madeira,
pedra, prata e invocá-los como se dignos de adoração (Is 42.8,12; 44.9-17;
45.20-22). E quando se voltavam para Deus seus corações estavam realmente
afastados do Deus vivo.
“Porque o Senhor disse: Pois este povo se
aproxima de mim e, com a boca e com os lábios, me honra, mas o seu coração se
afasta para longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos
de homens, em que foi instruído” (Is 29.13).
Em outras
situações, as Escrituras também descrevem os hebreus voltando para Deus
clamando-o de coração (Dt 4.29; 1 Sm 7.3,4; 2 Cr 12.16; 12.14; 19.3; 30.19;
15.1-4).
Durante a
guerra contra os filisteus, Israel estava acampado em Ebenézer. Sucedeu que,
após a primeira peleja contra os filisteus, a nação retorna ao acampamento, e
surge a idéia de trazer a arca do concerto (representava a presença de Deus) ao
arraial, no intuito de vencer em sua segunda tentativa, os filisteus. Neste
momento, Israel estava bem longe do Senhor. Com toda a empolgação dos hebreus,
ouviu-se uma gritaria tamanha que os filisteus se atemorizaram com medo de que
Deus estaria agora do lado deles para guerrearem, “e diziam mais: Ai de nós! Que tal nunca sucedeu antes” (1 Sm
4.1-10). O desfecho terminou com a
derrota do povo de Deus, incluindo a morte dos filhos de Eli, pois que haviam
desobedecido ao Senhor. O estrago foi tão grande que “caíram de Israel trinta mil homens de pé” (1 Sm 4.10). Depois
desses acontecimentos, um homem de Benjamim que havia fugido da batalha, entrou
na cidade noticiando a tomada da arca da aliança e a derrota dos israelitas
pelos filisteus. Desta vez, os gritos vindos da cidade já não eram de júbilos “entrando, pois, aquele homem a anunciar isso
na cidade, toda a cidade gritou” (1 Sm 4.13b). Após tê-lo ouvido, Eli veio
a falecer caindo da cadeira e quebrando o pescoço. Com esse texto, tira-se uma
lição importante para a vida do cristão: Deus convida seus filhos a
adorarem-no, não da boca pra fora, com gritos vazios, pois isso não se
constitui a forma de adorar o Senhor.
Neste versículo do livro de Oséias, Deus acusa os
israelitas de hipocrisia; o clamor não vinha do coração, mas dos lábios apenas
(Comentário Bíblico de Bacon). Após precisarem de alimento, trigo e vinho,
voltavam-se para os ídolos e não para Deus “...para
o trigo e para o vinho se ajuntam, mas contra mim se rebelam” (v.14b). Pensavam mal a respeito de Deus,
esqueciam-se dEle que os ensinava e os fortalecia (v.15), para adorarem os
ídolos (v.16). Tornaram-se para o Senhor “como
um arco enganador” ou um arco torto, onde se lança a flecha sem uma direção
desejada (v.16). A intenção de Deus aqui era de lançá-los ao alvo, a fim de que
alcançassem as bênçãos do Altíssimo, porém, escolheram seguir outro caminho, o
caminho da desobediência “... caem à espada
os seus príncipes por causa da violência da sua língua; este será o seu
escárnio na terra do Egito (v.16)”.
Jesus,
nosso Mestre por excelência, nos ensinou a maneira correta de adorarmos o Pai.
João destaca as palavras de Jesus a mulher samaritana:
“Mas a hora vem, e agora é, em que os
verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em espírito e em verdade, porque o Pai
procura a tais que assim o adorem” (Jo 4.22).
O Filho
disse que Deus é espírito, e por isso, devemos adorá-lo em espírito. Alguém
consegue enxergar um espírito? Obviamente, não. O cristão adora o Senhor sem o
ver, sabendo que Ele está no céu em seu Trono. Somente os verdadeiros
adoradores invocam um Deus verdadeiro, porque é isso que Ele procura,
reconhecedores da sua glória e da sua majestade (Jo 4.24). Adorar aqui, segundo
o dicionário Vine significa “fazer mesura, fazer reverência a”, e nesse caso
refere-se ao Senhor Todo Poderoso.
Temos a
certeza de que, se invocarmos ao Senhor, Ele nos ouvirá (Jr 33.3). Uma adoração
sincera exige um coração sincero e um espírito quebrantado. A alma com sede de
Deus o busca em qualquer lugar, momento e circunstância. Os samaritanos
pensavam que precisavam de um lugar para adorar a Deus e assim como os judeus,
estavam muito enganados.
“Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me
que a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai” (Jo 4.21).
Jesus
mostrou que não existem obstáculos ou impedimentos para se adorar a Deus, como,
por exemplo, um local específico. O Senhor“não
habita em templos feitos por mão de homem” e “Eis que o céu e o céu dos céus
não te podem conter”, quanto menos a parte física da igreja (2 Cr 6.18; At
7.48). O fato é que o véu se rasgou, e hoje, podemos ter acesso ao lugar
santíssimo, ou seja, estamos mais próximos de Deus sem precisar de um
intercessor como na Antiga Aliança (2 Pe 2.5).
O amor a
Deus está também ligado a verdadeira adoração, aliás, ele (amor) sempre a
acompanha. Obviamente, se alguém sabe amar a Deus, saberá adorá-lo. Mateus
deixa bem claro as palavras de Jesus:
“Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento” (Mt 22.37).
Alguns
pensam que, enquanto “gritam” estão agradando a Deus, infelizmente estão muito
enganados. Enquanto não possuírem um coração aberto para Deus tudo não passará
de gritos vazios. Os “gritos” em nossas reuniões, em si, não constituem a real
presença de Deus no meio da igreja.
A
adoração de Deus não é definida em nenhuma parte das Escrituras. Mostra que ela
não consiste de louvores apenas, ou de barulho. Amplamente ela é considerada
como o reconhecimento direto a Deus, da Sua natureza, atributos, caminhos e
reivindicações, tanto em louvores e ações de graças, como por ações feitas em
tal reconhecimento de coração. Aleluia! Prestemos a Ele uma verdadeira
adoração.
Aijalon de Sousa Santos
Em busca de uma verdadeira adoração,
Jalon! A paz do Senhor!
ResponderExcluirEstá de parabens! belos textos que trazem grandes ensinamentos!
abraço
João Vasconcelos